antropofágico
por traz dessa palavra
tem desejo
Dandara sempre me dizia
quando interpretava Adele
a personagem erótica
dos Retalhos Imortais do SerAfim
com os nervos comendo a própria pele
e não era Jura Secreta
era cena do Além da Mesa Posta
um banquete antropofágico
nesse país de bosta
nunca fui na slovenia
Dandara chegou de lá hoje
e trouxe tempero novo na carne
gosto de alga e ostra
percebi quando beijei suas costas
litoral oceano atlântico
mar dos meus 7 sentidos
ela não gosta de sexo frontal
prefere gozar de bruço
Mundo Da Lua
verão de mil novecentos e setenta e quatro
dois olhos de mar passeavam sob a luz da luz
Dandara catara estrelas na areia
logo depois da meia noite o galo cantou
o peixe pulou nas águas da sereia
encantado com a voz que vinha
mergulhei no bosque e sangrei
a pele das solas dos sapatos
não demorou o ato do amor enquanto
que até hoje o gosto da língua trago
como um pircieng cravado
nos dentes da memória
Artur Gomes
https://fulinaimargem.blogspot.com/
Esfinge
d elza ainda não sei de nada
o rio com seus mistérios
molha meu cio em silêncio
de onde vem pra onde vai
se usa saia rodada
ou quem sabe tomara que caia
trindade da santíssima santa
fosse apenas o que já foi dito
ou quarteto metafísica quântica
dandara isadora angélica adele
com um beijo preso na garganta
se veste com a própria pele
ou quem sabe com outras tantas
poema freudelérico
contei duas estrelas do outro lado do muro
uma era baudelaire a outra luis melodia
se eu fosse zeca baleiro bolero blues cantaria
o poema freudelérico não tem nada de pessoa
na vitrola rola um disco dos demônios da garoa
nas margens terceira do rio
meu cavalo segue tenso a trilha que lhe cabe
mallarmaico mallarmélico um tanto quase
baudelérico exalando flores do mal
queimando em mar de fogo me registro
a lavra da palavra quero quando for pluma
mesmo sendo espora
assombrado com o verbo desemprego
afio ainda mais a carnavalha rasgo as tralhas da mortalha com a faca de dois gumes
cu do mundo onde fica?
palácio do planalto alvorada cu de boi
submundo mais profundo de um país que já foi
Artur Kabrunco
Leia mais no blog
www.fulinaimagemfreudelerico.blogspot.com
esse relógio apontado pra lua
não fosse essa jura secreta
mesmo se fosse eu não dissesse
essa ostra no mar das tuas pernas
como um conto do Marquês de Sade
Jura secreta 1
a língua escava entre os dentes
a palavra nova
fulinaimânica/sagarínica
algumas vezes muito prosa
outras vezes muito cínica
tudo o que quero conhecer:
a pele do teu nome
a segunda pele o sobrenome
no que posso no que quero
a pele em flor a flor da pele
a palavra dandi em corpo nua
a língua em fogo a língua crua
a língua nova a língua lua
fulinaímica/sagaranagem
palavra texto palavra imagem
quando no céu da tua boca
a língua viva se transmuta na viagem
esse rio das ostras
entre tuas pernas
o beijo no instante trágico
a língua sem que ninguém soubesse
no silêncio como susto mágico
e esse relógio sádico
como um Marquês de Sade
Jura secreta 3
fosse essa jura sagrada
como uma boda de sangue
às 5 horas da tarde
a cara triste da morte
faca de dois gumes
naquela nova granada
e Federico Garcia Lorca
naquela noite de Espanha
não escrevesse mais nada
não fosse essa alga
queimando em tua coxa
ou se fosse e já soubesse
mar o nome do teu macho
o amor em ti consumiria
Olga Savary
no sumidouro dos meus dias
o couro cru
na antropofágica erótica
carne viva
tua paixão em mim
voraz língua nativa
fosse um Salgado Maranhão
nosso batismo de fogo
25 de março
e o morro querosene em chamas
no canto pro tempo nascer
e o amor que a gente faria
Jura secreta 7
fosse Sampa uma cidade
ou se não fosse não importa
essa cidade me transporta
me transborda me alucina
me invade inter/fere na retina
com sua cruel beleza
como Oswald de Andrade
e sua realidade
como Mário de Andrade
e sua delicadeza
Jura Secreta 8
artefato (poema sujo)
numa cidade abstrata
sem sentido ou significado
matadouro é arte concreta
veracidade é pecado
pago com pena de morte
esta máquina de escrever
fotografada em Itaguara
como um poema de Lorca
escrito em Nova Granada
cravado em Araraquara
você não sabe onde está
você não sabe onde é
você não sabe de quem foi
este punhal na metáfora
que sangra a carne do boi
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
www.secretasjuras.blogspot.com
Fulinaíma MultiProjetos
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