terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

poética

 

todos os dias
acendo minhas lamparinas
e meus lampiões
o pavio aceso
afasta as aves de rapina
e o calor das chamas
aquece os corações


no coração dos boatos

agora que descobri ser o irmão mais novo de Biúte vou morar nos telhados do Palácio Jaburu. Assim posso ver todos os fantasmas que transitam nos corredores do Palácio depois da meia noite. E pelas minhas contas são muitos, pelo menos 583 já vi passeando por ali, numa orgia desenfreada de lavagem de roupa suja, apesar de todos estarem travestidos de terno e gravata, não escondiam o mal cheiro que exalava de suas caricaturas.



tempo poético

Tempo Poético
para Isadora Chiminazzo Predebon

O tempo é o senhor
dos meus ponteiros de músculos
relógio oculto no incons/ciente
o tempo
nos olhos daquela viagem
a paisagem
Caminho de Pedras
o cenário
Vale dos Vinhedos
o tempo
guardo em segredo
como uma Jura Secreta
na íris dos olhos dela
na face oculta da noite
na retidão clara do dia
como um concha na areia
o tempo mar de espumas
sargaço algas noturnas
a carne do corpo também
o vinho do tempo na boca
e a língua dizendo amém

Artur Gomes Gumes


santíssima trindade

 

 Santíssima trindade


Quando fui ao Espírito Santo
vi três linda meninas
me sorrindo em aquarela

no entanto não sou santo
muito menos era de anjo
o sorriso em tua bocas
aquele olhar nos olhos delas

nas tuas íris/retinas
era ironia/sarcasmo
com a minha cara de fome
embaixo daquela janela

Federico Baudelaire

https://fulinaimagemfreudelerico.blogspot.com/

poeta

poeta

por um poema
que desconcerte
entorte
desconforte
arrombe a porta
dos céus
da tua boca
arranhe os dentes
da loba
arrebanhe os cordeiros
no pasto
e lhes ensine
a subverter
as ordens do pastor
assumo o risco
não sou o demo
nem corisco
eu sou cantor


 

Clarice Terra Cruz

 

Clarice Cruz Terra
OS CAMINHOS QUE ME TROUXERAM ATÉ AQUI

Quando me vejo retornando à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), onde cursei Licenciatura em Teatro entre os anos de 1997 e 2002, para falar sobre teatro e sobre o ensino profissionalizante, parece que alguns ciclos estão se completando, ou se conectando.

É curioso pensar que estudei na Escola Técnica Federal de Campos, que hoje é a sede do Instituto Federal Fluminense (IFF), escola que possui catorze campi no Estado do Rio e um deles é Macaé, onde eu hoje trabalho. Lá eu fiz o curso Técnico de Química (quem diria?).

Mas, na verdade, cursei apenas dois dos quatro anos. O que aconteceu nesta escola e que mudou a minha vida de forma decisiva - eu tinha planos de seguir estudando na área das ciências - foi o fato de ter feito a Oficina de Teatro na escola, com o professor Artur Gomes, um poeta campista que desenvolvia um trabalho essencialmente performático conosco.

 Lembro-me, por exemplo, de uma intervenção que fizemos na cantina da escola, em que andávamos perguntando às pessoas na fila do caixa: “Quanto custa um sonho na cantina?”.

Andamos também pelos corredores da escola como em uma procissão cantando músicas de Milton Nascimento, entre outras propostas das quais ainda me recordo com certa clareza, apesar de mais de 20 anos já terem se passado. Como já disse, não concluí o curso técnico. Saí da escola e cursei um ensino médio propedêutico em uma escola estadual, mas continuei por mais alguns anos trabalhando com o Artur, ainda depois de sair de Campos para morar no Rio e cursar a faculdade de Teatro na UNIRIO. Sim, esta experiência foi decisiva para me levar a esta faculdade!

Obs.: introdução da Dissertação apresentada como pré-requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ensino de Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Artes Cênicas, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) 

poema concreto

 

poema concreto


para quem ainda pensa
minha poesia apenas
como coisa erótica
sensual jura secreta
minha metralhadora cospe bala
na cruel realidade
na miséria mais concreta

antes que se assuste
com o mínimo reajuste
nas contas do teu salário
te digo nobre operário
os 3 poderes prestam serviço
a banqueiros empresários salafrários
para escravizar o trabalhador
de forma vil cruel - injusta
defendem sempre a causa própria
como fosse justa causa
como fosse causa justa

Artur Gomes Gumes
#poemaconcreto 


múltiplas poéticas


eu sempre andei
no encalço
dos olhos de carolina
na fantasia
dos meus passos
tem confete/serpentina




terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

quantas eras quantas anas


Bolero Blue


beber
desse conhac em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entredentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é
que a fome desse beijo
furta qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com




quantas eras quantas anas

 

estive em muitos lugares algumas páginas de livros jornais paredes e muros de cidades que nem mesmo conhecia. Me lembrava  agora de um poema do livro BrazilLírica Pereira: A Traição das Metáforas e da minha passagem por Santo André entre 1993 e 1997.

Lá conheci um músico mineiro de nome Alexandro Silva, mas que gostava de ser chamado de Naiman. Foram longos anos de parcerias musicais que,  algumas, estão gravadas no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia, lançado em 2002. Em 1996, numa viagem que fizemos em um fusca para Campinas, onde eu fui dirigir uma Oficina de Criação de Artifícios no SESC, que me veio pela primeira vez a palavra Fulinaíma, talvez soprada por alguma divindade mística, que nem mesmo Freud explica.

 

Artur Gomes Fulinaíma

https://braziliricapereira.blogspot.com/



nunca estive em Bagdá

mas adriana esteve

 

carnaval pra mim é vai que dá. estava voltando do desfile de blocos do Rio de Janeiro, no carnaval de 2005 e quando cheguei no apartamento em que estava hospedado em Botafogo, me deparei com uma mensagem no celular me convidando para dirigir um curso de Teatro em São Fidélis pela FAETEC.

foram 5 meses de encontros semanais com amigos e amigas que já faziam parte do grande rol de amizades que tenho naquela cidade. alguns ainda moradores da Cidade Poema, outros saíram para outra paragens, mas acabaram retornando a terra natal.

o carnaval a carnavalha nomes de musas que me perseguem de Dante a Chico Buarque todas todos os poetas já cantaram seu nomes e tem um que me acompanha desde a infância ainda na cacomanga, como também essa cicatriz que continua cravada na carne nos nervos como se fosse esfinge clarice/beatriz.

 

 Artur Gomes

https://arturkabrunco.blogspot.com/




Jura Secreta 98


fosse quântico esse dia
calmo claro intenso inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria

mesmo que em meio a tarde
TROVOADAS tempestades
insanidades guerras frias
iniqüidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria

20 horas
20 noites
20 anos
20 dias

até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria

Artur Gomes

www.secretasjuras.blogspot.com


domingo, 5 de fevereiro de 2023

EuGênio Mallarmè

 

EuGênio

 

eu sou menino eu sou menina

e não venham me dizer

que lança perfume é parafina

diversidade de gêneros

podes crer – não me alucina

 

eu nasci da minha mãe

que se chama Severina

lá dos sertões do nordeste

nor/destino nor/destina

como o sal do Maranhão

bumba-meu-boi não desafina

conterrâneo do Torquato

eu nasci  em Teresina

 

                              EuGênio Mallarmè

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/

página no face https://www.facebook.com/EuGenioGumes

no coração dos boatos


o poema senhores

nem fede nem cheira

           Ferreira Gullar

 

a

 pedra no rio que não voa

se arrasta entranhada

       na alma da pessoa

          Rúbia Querubim

 

poema obsceno

toda manhã de domingo

faz-se um formigueiro

frente ao bar do local

para brigas de canários

 ou então papa capim

é o fim

manter pássaros presos

indefesos

em gaiolas de bambu

ou então de grumarim

 

Gigi Mocidade

https://uilconpereira.blogspot.com/

 

 

Sarau Campos VeraCidade

Sarau Campos VeraCidade   Dia 15 de Março 19h - Palácio da Cultura - música teatro poesia   mesa de bate-papo :um olhar sobre a cidade...