terça-feira, 26 de agosto de 2025

o poeta enquanto coisa

federika com seus mistérios

molha meu cio em silêncio

:

Ou na desordem do Dia

 

corisco risca a faca na pedra

mas federika não medra

desafia o dito cujo

a ser maior que a morte

escrever poema sujo

e ser melhor do que fedra

na amarelinha da sorte

 

quando  desgarrou da tribo dos goytazes

e foi parar em Itabuna

o corpo mais leve que pluma

em pleno ar levitava

quebrou  a faca do corisco

enquanto nos ares voava

 

cansada da preguiça baiana

picou a mula pra recife

praia da boa viagem

com gana de vida feroz

se dentro da noite é veloz

no olho do dia é voragem

em plena vertigem do dia

 

com seus cardápios de arte

enfeitiçou  pernambucos

grafites por toda parte

por bares e restaurantes

estampados em  seus   guardanapos

com grande  voracidade

 

eleita musa da praia

descobriu cedo na tarde

que tudo que arde cura

o que aperta segura

na preamar quando agita

se é amor geme e grita

mesmo não sendo loucura

 

relembro que anos passados

antes dos dezessete

ela se misturou ao campistês

nos corredores do cefet

teve aula de português

com o poeta da quadrilha

que levava um boi pintadinho

nas fulinaimargens da trilha

 

federika amava federico

que amava boudelaire

que amava euGênio mallarmè

que amava lady gumes

que amava pastor de andrade

que amava serAfim

que amava rúbia querubim

dos cabelos negros como corvo

que foi morar em iriri

depois do amor o  estorvo

 

em recife montou seu reinado

e alimentou a matilha

de boêmios embriagados

em  noites de salsaparilhas

com frevo maluco rasgado

pensando sonhar  morar em sevilha 

 

hoje nesse recife distante

 rio que nos separa

como palavra cilada

como poema armadilha

mas nunca contou para a filha

tudo o que  ainda guardo em segredo

 mas já cantou  paro o mar  

e pras algas sal/gadas da ilha

 

Artur Gomes

In Drummundana Itabirina

V(l)er mais no blog

https://fulinaimargem.blogspot.com/



 

hoje é domingo
de Hera me vingo
com minha sarcástica ironia

fisto-me de Dionísio
nessa festa pras Bacantes

me consagro teu amante
pelos vinhedos de Baco 
no ápice sagrado

da  su-real pornofonia

entre os lençóis

 

o outubro 
me deixou no tudo nada 
a luz branca sem sono
em nossos corpos de abandono

ela arquitetava uma nesga
entre as frestas da janela
luz do luar nos olhos dela
girassóis em desmantelos
por entre poros entre pelos
minhas unhas tuas costas 
Amsterdã nos teus cabelos 

o que Van Gog me trazia
era branca noite de outono
que amanheceu sem ver o dia 
nossos corpos estavam banhados
de vinho tinto e poesia 

fonética das cores

3 dentadas no pão e a faca suja de manteiga entreguei-me ao desejo de olhar o corpo do poema nu ainda virgem deitado sobre a grama no quintal do casario no cafezal rolava um blues vestido de algodão branca flor entre as sílabas tônicas e a fonética das cores entre o vão das coxas brancas de alfazema sopravam ventos de alecrim

poema atávico

 

e se a gente se amasse uma vez só
a tarde ainda arde primavera tanta
nesse outubro quanto
de manhãs tão cinzas

 

nesse momento em Bento Gonçalves
Mauri Menegotto termina
de lapidar mais uma pedra 
tem seus olhos no brilho da escultura

 

confesso tenho andado meio triste
na geografia da distância
esse poema atávico tem

a cor da tua pele
a carne sob os lençóis

 onde meus dedos
ainda não nasceram

 

algum deus

anda me pregando peças
num lance de dados mallarmaicos

comovido
ainda te procuro em palavras aramaicas 
e a pele dos meus olhos anda perdida
em teu vestido

Projeto Arte Cultura

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