quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Artur Gomes 77

 

27 de agosto
com muito gosto
fazer setenta e sete
outra coisa me disse
fulinaíma
pra definir o que faço
o traço a cada compasso
pensado sentido vivido
estando inteiro
não par/ti/do
a língua ainda
entre/dentes
a faca
ainda mais afiada
a carNAvalha in/decente
escre/v(l)er
é tudo o que posso
pra desafinar os contentes
desempatar de/repente
o jogo dos reles bandidos
é tudo o que tenho feito
por mais que tenha sofrido
nas unhas dos dedos
nos nervos
na carnadura dos ossos

Artur Gomes

Hoje Balbúrdia PoÉtica especial
no Carioca Bar - Rua Francisca Carvalho de Azevedo, 17
Parque São Caetano - Campos dos Goytacazes-RJ
Espero vocês lá, a partir das 18h

leia mais no blog
Artur Fulinaimagens
https://fulinaimargens.blogspot.com/


terça-feira, 26 de agosto de 2025

o poeta enquanto coisa

federika com seus mistérios

molha meu cio em silêncio

:

Ou na desordem do Dia

 

corisco risca a faca na pedra

mas federika não medra

desafia o dito cujo

a ser maior que a morte

escrever poema sujo

e ser melhor do que fedra

na amarelinha da sorte

 

quando  desgarrou da tribo dos goytazes

e foi parar em Itabuna

o corpo mais leve que pluma

em pleno ar levitava

quebrou  a faca do corisco

enquanto nos ares voava

 

cansada da preguiça baiana

picou a mula pra recife

praia da boa viagem

com gana de vida feroz

se dentro da noite é veloz

no olho do dia é voragem

em plena vertigem do dia

 

com seus cardápios de arte

enfeitiçou  pernambucos

grafites por toda parte

por bares e restaurantes

estampados em  seus   guardanapos

com grande  voracidade

 

eleita musa da praia

descobriu cedo na tarde

que tudo que arde cura

o que aperta segura

na preamar quando agita

se é amor geme e grita

mesmo não sendo loucura

 

relembro que anos passados

antes dos dezessete

ela se misturou ao campistês

nos corredores do cefet

teve aula de português

com o poeta da quadrilha

que levava um boi pintadinho

nas fulinaimargens da trilha

 

federika amava federico

que amava boudelaire

que amava euGênio mallarmè

que amava lady gumes

que amava pastor de andrade

que amava serAfim

que amava rúbia querubim

dos cabelos negros como corvo

que foi morar em iriri

depois do amor o  estorvo

 

em recife montou seu reinado

e alimentou a matilha

de boêmios embriagados

em  noites de salsaparilhas

com frevo maluco rasgado

pensando sonhar  morar em sevilha 

 

hoje nesse recife distante

 rio que nos separa

como palavra cilada

como poema armadilha

mas nunca contou para a filha

tudo o que  ainda guardo em segredo

 mas já cantou  paro o mar  

e pras algas sal/gadas da ilha

 

Artur Gomes

In Drummundana Itabirina

V(l)er mais no blog

https://fulinaimargem.blogspot.com/



 

hoje é domingo
de Hera me vingo
com minha sarcástica ironia

fisto-me de Dionísio
nessa festa pras Bacantes

me consagro teu amante
pelos vinhedos de Baco 
no ápice sagrado

da  su-real pornofonia

entre os lençóis

 

o outubro 
me deixou no tudo nada 
a luz branca sem sono
em nossos corpos de abandono

ela arquitetava uma nesga
entre as frestas da janela
luz do luar nos olhos dela
girassóis em desmantelos
por entre poros entre pelos
minhas unhas tuas costas 
Amsterdã nos teus cabelos 

o que Van Gog me trazia
era branca noite de outono
que amanheceu sem ver o dia 
nossos corpos estavam banhados
de vinho tinto e poesia 

fonética das cores

3 dentadas no pão e a faca suja de manteiga entreguei-me ao desejo de olhar o corpo do poema nu ainda virgem deitado sobre a grama no quintal do casario no cafezal rolava um blues vestido de algodão branca flor entre as sílabas tônicas e a fonética das cores entre o vão das coxas brancas de alfazema sopravam ventos de alecrim

poema atávico

 

e se a gente se amasse uma vez só
a tarde ainda arde primavera tanta
nesse outubro quanto
de manhãs tão cinzas

 

nesse momento em Bento Gonçalves
Mauri Menegotto termina
de lapidar mais uma pedra 
tem seus olhos no brilho da escultura

 

confesso tenho andado meio triste
na geografia da distância
esse poema atávico tem

a cor da tua pele
a carne sob os lençóis

 onde meus dedos
ainda não nasceram

 

algum deus

anda me pregando peças
num lance de dados mallarmaicos

comovido
ainda te procuro em palavras aramaicas 
e a pele dos meus olhos anda perdida
em teu vestido

Projeto Arte Cultura

domingo, 24 de agosto de 2025

Jura Secreta

Balbúrdia PoÉtica

 

Federico rasgou a rede

cortou a censura

colocou a dita/dura

                     na parede

 

poesia ali na mesa

geleia geral – relâmpagos

faíscas da surpresa

 

diariamente no blog

https://fulinaimagemfreudelerico.blogspot.com/


XXIII Congresso Brasileiro de Poesia - 25 Anos

De 5 a 10 de Outubro - Bento Gonçalves-RS

Artur Gomes e May Pasquetti se encontram no palco pela 10ª vez no Congresso Brasileiro de Poesia, em Bento Gonçalves-RS

Tudo começou em 2006 quando Artur Gomes, dirigiu no CEFET Bento, uma Oficina de Poesia Falada para montar com estudantes de Bento Gonçalves um recital em comemoração ao centenário do poeta gaúcho Mário Quintana.

May Pasquetti, que além de uma bela atriz é hoje doutoranda em bioquímica na UFRGS, foi uma das alunas selecionadas para o recital, e a partir de então, se tornou, como afirma o próprio poeta, sua grande parceira de palco.

Artur Gomes afirma que May Pasquetti é a grande intérprete de seus poemas, e como musa o inspirou a escrever esta sua

 Jura Secreta 16.

 fosse essa menina Monalisa

e se não fosse apenas brisa

diante dos meus olhos

com este mar azul nos olhos teus

nem sei se Michelângelo,

DaVinci, Dali, ou Portinari

te anteviram no instante

maior da criação

pintura de um arquiteto grego

ou quem sabe até filha de Zeus

e eu Narciso amante dos espelhos

procuro um espelho em minha face

para ver se os teus olhos

já estão dentro dos meus

 O poema foi escrito em 2006, durante a semana de realização do XXIV Congresso Brasileiro de Poesia, e May Pasquetti, diz que - este é o maior presente que uma musa poderia receber de um poeta. Me emociona até hoje.

Este ano, no XXIII Congresso Brasileiro de Poesia, poeta e musa estarão juntos durante a semana, na performance SagaraNAgens Fulinaímicas, que acontecerá em diversos momentos e em diversos pontos da cidade, com algumas surpresas que os dois fazem questão de manter em segredo.

 - É jura secreta - afirma Artur Gomes

no link abaixo

May Interpreta poemas de Artur Gomes, filmada por

Jiddu Saldanha, em Bento Gonçalves-RS - outubro de 2011

https://www.youtube.com/watch?v=NwPHFegj_9c

BARDO Solista

 marginalha

 

os caranguejos explodem no meu crânio

mariposas pousam mas não cantam

borboletas voam mas não falam

os papagaios estão mudos

desde o grito de Cabral: o Terra à Vista!

a amazônia é exterminada por moto-serras ruralistas.

mas juro que não sou correto

juro que não sou decente

poesia é faca entre os ossos

navalha entre os dentes

desde todo tempo as milícias

des(matam) nas favelas

e todo Dia é Dia D Todo Dia É Dia Dela

vivo num brasil subvertido

na cadeia esteve preso um presidente

e os palácios são os covis desses bandidos.

 

Artur Fulinaíma

Juras Secretas - Editora Penalux – 2018

Pátria A(r)mada - Editora Desconcertos - 2019

O Poeta Enquanto Coisa – Editora Penalux- 2020


Intervenção junina

 

era uma noite de junho

inverno não primavera

e eu de poema em punho

fazendo cantigas de amor para ela

mas ela não veio me ver

do outro lado da janela

era uma moça distante

que eu chamava  FlorBela

 

quantas noites sonhei Florbela

em minha cama sozinho

pensando na cama dela

bebia beijos e vinho

era uma vez uma rua

que tinha nome de formosa

não era grande sertão

nem eu era Guimarães rosa

 

mas era noite de junho

e mesmo assim

me sentia um riobaldo

amando diadorim

como se fosse lua cheia

clara como clarão

ela toca fogo em minha pele

incendeia meu coração

 

e 24 de junho

é noite de são joão

e meus fogos de artifícios

são pra chamar sua atenção

a moça que nunca veio

do outro lado da janela

não sabe que é tudo dela

meu céu meu mar meu chão

 

Artur Gomes

www.fulinaimicamente.blogspot.com

cantiga para não morrer

Quando você for se embora

Moça branca como a neve

Me leve 

Se acaso você não possa

Me carregar pela mão

Menina branca de neve

Me leve no coração

Se no coração não possa

Por acaso me levar

Moça de sonho e de neve

Me leve no seu lembrar

E se aí também não possa

Por tanta coisa que leve

Já viva em seu pensamento

Moça de sonho e de neve

Me leve no esquecimento

Ferreira Gullar

sábado, 9 de agosto de 2025

mulher de nuvens é ela

Lembranças do Congresso Brasileiro de Poesia

Bento Gonçalves-RS – 2015

 Jura secreta 16

para may pasquetti


fosse esta menina Monalisa

ou se não fosse apenas brisa

diante da menina dos meus olhos

com esse mar azul nos olhos teus

não sei se MichelÂngelo

Da Vinci Dalí ou Portinari

te anteviram

no instante maior da criação

 

pintura de um arquiteto grego

quem sabe até filha de Zeus

e eu Narciso amante dos espelhos

procuro um espelho em minha face

para ver se os teus olhos

já estão dentro dos meus

 

Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux - 2018

https://secretasjuras.blogspot.com/

 *

Este poema foi escrito em 2006. Quando cheguei a Bento Gonçalves, para dirigir uma Oficina de Poesia Falada no CEFET-Bento, encontrei May na porta do Hotel VinoCap me esperando. Ela já havia me visto falando poesia pelas Escolas da cidade. Me passou mensagens por e-mail dizendo-me que um de seus sonhos era falar poesia no palco junto comigo. E em 2006 subimos no palco juntos, numa homenagem que fizemos para o Centenário do poeta Mário Quintana. Depois foram mais 10 anos de parcerias nas performances e recitais no Congresso Brasileiro de Poesia.

Em 2007/2008 foi minha parceira na performance O Amor Em Estado de Vinho e Uva que fizemos durante a programação da FENAVINHO. Neste ano foi a primeira vez que interpretei poemas do poeta e padre Oscar Bertoldo, assassinado barbaramente na região serrana do Rio Grande do Sul.

                  pedra do sossego

nela me abstenho

nela me abstrato

nela me concreto

nela me desfaço

                  linguagem


o que vai
de um lado da ponte
a outra
é o que sai da boca

o que entra é a língua
a que entorta
beija sem pedir licença
chupa morde goza
na entrada e na saída

sem ter adeus na despedida

Artur Gomes Fulinaíma

do livro inédito – FULINAIMAGEM

mulher de nuvens
para Micaela Albertini

fosse eu uma mulher de nuvens
não estaria aqui presa
a este mar nas marés suor ou cio
passaria com o vento
sem deixar rastros vestígios
pegadas
voaria sobre estradas
sem destino cais ou porto
viajar mesmo sem nenhum conforto
ou calmaria nas partidas
ventania nas chegadas

Rúbia Querubim

www.porradalirica.blogspot.com

todo sábado
me esqueço
me entorto
desconcerto
amanheço

eu sou a mosca
que pousou na tua sopa

            Raul Seixas

escridura

esse poema absurdo
direto no ouvido do surdo
escridura nos olhos dela
ela bem sabe o que desejo
ela bem sabe o que espero
tem canivete no sangue
tem um alfinete entre dentes
a faca que corta a navalha
sangrou as tripas no ventre
o beijo quando for que seja
de língua lambendo na carne quente

 ARTUR GOMES.

Entrevista de Jiddu Saldanha.
Traducción: Leo Lobos.

Artur Gomes es un poeta que se mueve a la velocidad de su erotismo, un liberta­rio, con una sed poética– antropófaga. Dueño de un estilo único y con talento extremo para decir sus poemas en público el viene coleccionando fans por el Brasil y el exte­rior. Influenciando multitudes de jóvenes poetas en Río de Janeiro y contribuyendo fuerte­mente para la cultura del país.
- Leyendo tus poemas me encontré con una cuestión semejante a Hilda Hilst. No escribes una poesía “fácil”, entonces te pregunto: ¿Escribes para tener lectores? -

Claro que escribo para tener lectores, como Hilda Hilst también que­ría tenerlos. La dificultad, creo, está en la cuestión de los lenguajes poéti­cos. No creo que mi poesía sea difícil. Tal vez la falta de lectura de poesía sea el factor que dificulte a la mayoría de los lectores captar en su esencia el mensaje del poeta.

– Para muchos poetas posees una óptima forma de decir poemas, de las mejores que ya se vio por ahí. ¿Hablar poemas es también un oficio?

– Hablar poesía, es un ejercicio que practico cotidiana­mente desde el instante en que me descubrí poeta. Si ser poeta es un oficio, hablar poemas, para mí también lo es. Se que con esta comunica­ción directa, el poema se torna más accesible al otro, que deja de ser lector para ser oyente. El sentido auditivo le permite una emoción que la lectura silenciosa no proporciona.

– Tengo curiosidad en saber, el Artur Gomes que escribe los poemas es el mismo que los habla. ¿Existen “auras” diferentes en cada momento de tu actividad artística?

– El acto de la crea­ción, es un instante solita­rio, en que el poeta se encuentra con los conflictos inherentes a todo ser humano, es cuando está en comunión consigo, y al mismo tiempo en comunión con todos. En este instante no existe mucho en que pensar, a no ser, dejar al imagina­rio fluir y a la escritura brotar en el papel, o en la tela del computador. Ahora el acto de hablar el poema requiere otras prácti­cas. En mi caso tiendo a no teatralizar el texto, y si dotar el habla de una sonoridad compatible con el drama o el humor pertinente que está contenido en la palabra escrita. En este momento el poeta deja de ser poeta, para tornarse actor.

– Además de poeta eres también un gestor/productor, haciendo puente para otros artistas y ayudando a eventos de gran importancia nacional como la “Bienal de Campos”, o “Festival de Campos – Poesía Hablada”, o el “Concurso de cuentos José Cândido de Carvalho”. ¿ Queda tiempo para tirar maní a los monos?

– Tú me haces recordar una bella canción de Car­los Careqa, “No de maní a los monos”, presente en su disco “Los hombres son todos iguales”. Todas estas actividades son rea­liza­das con un intenso placer, si así no fuese no valdría la pena. Lo que más importa en este caso es la posibilidad de colocar la poesía en primer lugar, lo que para mi es una tarea diaria. Los monos que esperen por el maní… (risas).

– ¿“Fulinaíma” y “Sagarana” son conceptos inspira­dos en Guimarães Rosa y Mário de Andrade? ¿O es una especie de diálogo filosófico
poético con la juventud brasilera tan carente de contacto con artistas viscerales?

– Por instinto natural, siempre me gusto jugar con las palabras, re
inventar unas y otras, no es simple­mente hacer una relectura. Pero si, intentar crear a través de ellas algunas otras. Tengo la certeza que los contactos con la música y el teatro contribuirán decidida­mente para desa­rrollar todavía más esa práctica.
Tanto Fulinaíma como Sagarana son frutos que crecieron de proyectos desa­rrolla­dos con el objetivo de una re
creación volcada para esos pila­res de la cultura brasilera contemporánea. La crea­ción de Fulinaíma se la debo a mi cercano colabora­dor el músico Naiman. Ella nace cuando todavía estaba en escena en São Paulo con el proyecto “Retazos Inmortales de Serafim”, a pesar que su foco está centrado en Oswald de Andrade, es con la mezcla macunaímica de Mário de Andrade que pensa­mos adobar nuestra comida. En tanto Sagarana, nace con la crea­ción del poema Saragaranagens, que es un pedido de bendición al maestro Guimarães Rosa.

– Antes de destacarse como un maestro de la palabra ya eras conocido como artista visual. Háblanos un poco de tu trabajo en esta área.

– En 1983, aún en Campos, cree el proyecto Muestra Visual de Poesía Brasilera, que es una “exposición gráfico visual” con los lenguajes experimentales que pudimos conocer a partir del modernismo. A partir de ahí comencé a estrechar contacto con grandes poetas del país y del exte­rior que ya hace algún tiempo trabaja­ban con poesía visual y otros lenguajes experimentales donde la visualidad estaba presente. Este proyecto tubo varios desdoblamientos y a cada exposición de acuerdo con el objetivo que intentá­ba­mos alcanzar definía las característi­cas de la poesía que íbamos a exponer. Considero este trabajo bien singular en mi producción poética. Aunque es con la palabra escrita con la que procuro colocar mi condición de poeta en este mundo.

- ¿A quién lees?

– En poesía leo una infinidad de poetas conocidos o no, por cuenta del “Festival de Campos de Poesía Hablada”, y a nuestros maestros Drummond, João Cabral, Oswald y Mário de Andrade, Paulo Leminski, Mário Faustino, Torquato Neto, Murilo Mendes, Baudelaire, Augusto y Haroldo de Campos, Mallarmé, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Manoel de Barros, Ferreira Gullar, Hilda Hilst y Ana Cristina César. Acabe de leer el libro Plano de Vuelo, de Ademir Antonio Bacca.

- ¿A quién conside­ras hoy el primer equipo de la poesía en el Brasil?

– Es muy difícil definir ese primer equipo. Aunque tene­mos también de una forma subterránea, una decena de grandes poetas en plena productividad como Tanussi Cardoso, Marcus Vinicius Quiroga, Helena Ortiz, Antônio Cícero, Aclyse de Mattos, Aricy Curvello, Dalila Teles Veras, Ademir Assunção, Fabiano Calixto, Diana de Hollanda, Zhô Bert­holini, Lau Siqueira, y por ahí sigue… Es una producción aún restringida a una ciudad o a una región de cada uno de esos poetas, pero de gran calidad.

– ¿Quién es Artur Gomes por Artur Gomes?

– Un ser, social, erótico, religioso, sagarânico y fulinaímico, preo­cupado con las cuestiones humanas de los seres que habitan este convulsionado planeta.

ALGUNA POESÍA


no. no basta­ría la poesía de tranvía
que desbarranca luna en mis pestañas
en un trapecio de pendientes donde la solapa
cargada de asaltantes en sus arcos
hiriendo la fría noche como un golpe
que va haciendoel amor entre las líneas.

no. no basta­ría la poesía cristalina
para las niñas que están rasgándo
se el cuerpo intentando lasuerte
en cada puerta del metro.
y nosotros poetas desvendando palabritas
vamos danzando en el vértigo de este circovola­dor.

no. no basta­ría toda risa por las plazas
ni el amor que las palomas tejen por los trigales
los pája­ros despedazándose en los ventanales
y las mujeres cuidando a sus críos.

no basta­ría delirar Copacabanay
esta cosa de sal que no me engaña
la luna en la carne cortando una seducción gay
y un olor de fémina en el aire devora­dor
aparentando rea­lismo hipermoderno,
en un cuerpo de ángel que no fue mi dios quien hizo
ese gusto de cosa del infierno
como probar el amor al aire libre
en una cósmica y profana poesía
entre las piedras y el mar de Arpoa­dor
una mixtura de hechizo y fantasía
en altas olas de misterios que son nuestros

no. no basta­ría toda poesía
que yo traigo en mi alma un tanto puerca,
esta pos­tal con una imagen parecida a Lorca:
un tranvía aterrizando allá en la Urca
y esta ciudad recostándose en el agua
en mis demoliciones
pues si el Cristo redentor dejase la piedra
con certeza nunca más reza­ría el padrenuestro
y con certeza solo haría con mis huesos poesía.

EL BUEY MANCHADO

Levanta mi buey levanta
que es hora de viajar
despierta buey todo
buey debe luchar.
Y…allá va el buey
con sus ojos tris­tes
hecho madre cansada
del camino, de la vida,
cargando dolor
cabizbajo
con miedode ser el primero
en enfrentar el puñalo la horca.

Allá va el buey del arado
buey de carro
buey de carga
buey de cerca
buey de yugo
buey de cuerda
buey de prado
buey de corte.

Buey negro
buey blanco
Allá va el buey manchado…
allá va el buey
en su conciencia
triste, solita­rio
ojeando a los que pasan
con miedo de alzar su voz
su bufaral oído de los otros.

Allá va el buey
en su paso manso,
danza en la contra
danza
con la certeza que la esperanza
es mucho más que aquello
que le fue predestinado.

Allá va el buey
manchado…
allá va el buey…buey Antonio
buey Juana buey María
buey Juan.
Buey Thiago
Buey Ferreira
Buey Drummondel
Buey Bandeira,
y tantos
que conoci que sabiendo o no sabiendo
cada buey tiene su fin.
Allá va el bueycon su gesto manso
en el equilibrio manco
que me inspira y desespera…
va para el cofre,
él sabe eso.
Va al matadero
él sabe eso.
Va a la balanza
y sin ser equilibrista
ya conoce su destino.
allá va el buey
manchado…

Y allá va el buey
por las líneas del tren
en los vagones de fierro.
Cargado
de marcas en el cuerpo
y agonía en su corazón.

Levanta mi buey levanta
que es hora de viajar
despierta buey todo
buey debe luchar…

Levanta mi buey opera­rio
buey de martirio y de sala­rio
buey de pala y de hora­rio
buey de la amarra en el cuello
buey de carne, buey de hueso
servido al plato de la serpiente
buey de lama
buey de foso
buey indigesto e indigente.

levanta mi buey de fardo
buey de cerca
buey de carga
buey de yugo
buey de cuerda
buey de fuerza
buey de farsa
buey de farra
de venganza
buey de fiesta
buey de hierro
levanta mi buey destino
buey pavesa
espanta
pájaro
buey de paño
levanta mi buey de paja
buey de circo
buey de sueño
buey salvaje
buey de plano
levanta mi buey de barra
buey de guerra
buey de berro buey de barro.

Levanta mi buey manchado
hombre payaso enmascarado
máscara de ani­mal y desengaño
ningún hombre des­almado
se mostrará con nuestra cara
se cubrirá con nuestros paños

Levanta mi buey de plata
buey de plato
buey de llanto
buey de clavo
alambre de púas
buey de carga y de arado
buey Juan des­empleado
de terno infierno y de corbata
buey sin libro
buey sin acta
buey de zafra
buey de cofre
buey de carta
buey de corte:
buey de carne herida
mugiendo de sur a norte,
buey que nace para la vida
y que engorda para la muerte.

Traducción: Leo Lobos y Cristiane Grando
http://www.santiagoinedito.cl/

Esfinge


o amor
não e apenas um nome
que anda por sobre a pele
um dia falo letra por letra
no outro calo fome por fome

e que a pele do teu nome
consome a flor da minha pele

cravado espinho na chaga
como marca cicatriz
eu sou ator ela esfinge
clarisse/beatriz

assim vivemos cantando
fingindo que somos decentes
para esconder o sagrado
em nosso profanos segredos
se um dia falta coragem
a noite sobra do medo

na sombra da tatuagem
sinal enfim permanente
ficou pregando uma peça
em nosso passado presente

o nome tem seus mistérios
que se esconde sob panos
o sol e claro quando não chove
o sal e bom quando de leve
para adoçar desenganos
na língua na boca na neve

o mar que vai e vem
não tem volta
o amor e a coisa mais torta
que mora lá dentro de mim
teu céu da boca é a porta
onde o poema não tem fim

Artur Gomes
em maio chega novo livro:

O Poeta Enquanto Coisa

www.secretasjuras.blogspot.com

poema

concreto
grosso
duro
                ereto

metafórica dialética

quantas teorias terei
para escrever o que falo

quantos sapatos ainda apertam
os calcanhares do meu calo

    ser fulinaímico

se eu não fosse macunaíma
fulinaíma também não seria
por qualquer coisa que fosse
poeta não caberia
mesmo se filho eu fosse
de uma santa maria
afilhado de grande otelo
neto da romaria
e quando ao mundo eu viesse
em outro lugar não podia
tinha que ser cacomanga
onde EU então nasceria

Ente/Vistas

 

Concedendo entrevista ontem 15 de agosto 2025 a Raphael Fuly, licenciando em música no IFF Guarus, sobre a minha trajetória com Arte dentro da ETFC/CEFET/IFF, de 1968 a 2012. Raphael é orientando pela queridíssima amiga  Beth Rocha, parceira de grandes espetáculo de Teatro Musical que montamos no CEFET/IIF a partir de 1997, tais como “O Dia Em Que A Federal Soltou a Voz e Criou  Um Coro de 67 Vertebrados”, espetáculo que foi apresentado em 1997 no Auditório Miguel Ramalho, marcando a chegada  de Beth no CEFET/Campos e o meu retorno de uma licença prêmio para coordenar a Oficina de Artes Cênicas, que criei em 1975.

A entrevista foi realizada no Casarão - Centro Cultural, na Rua Salvador Correia, 171. Raphael Fuly, é integrande de uma banda formada por estudantes de música no IFF, contemplada em edital na lei Aldir Blanc, dia 22 deste a banda estará se apresentando no Museu Histórico de Campos, e um dos integrantes da mesma, Pablo Vinícius, que em 2022 participou do meu Projeto Geleia Geral – Semana de 22 – 100 Anos Depois, me pediu licença para nomear  a banda com o nome Balbúrdia PoÉtica, o que imediatamente autorizei, e no dia 22 pretendo batizá-la tornado-a minha afilhada.

Como bem disse lá pelos idos de 2005, quando fui contemplado no projeto Poesia Na Idade Mídia – Outros Bárbaros, de Ademir Assunção realizado no Itaú Cultural São Paulo, no poema VeraCidade: - por quê trancar as portas/tentar proibir as entradas/se eu já habito os teus 5 sentidos/e as janelas estão escancaradas.

* 

VeraCidade

 

por quê trancar as portas

tentar proibir as entradas

se já habito os teus cinco sentidos

e as janelas estão escancaradas ?

 

um beija flor risca no espaço

algumas letras de um alfabeto grego

signo de comunicação indecifrável

eu tenho fome de terra

e esse asfalto sob a sola dos meus pés

agulha nos meus dedos

 

quando piso na Augusta

o poema dá um tapa na cara da Paulista

 

flutuar na zona do perigo

entre o real e o imaginário

João Guimarães Rosa

Caio Prado

Martins Fontes

um bacanal de ruas tortas

 

eu não sou flor que se cheire

nem mofo de língua morta

o correto deixei na Cacomanga

matagal onde nasci

 

com os seus dentes de concreto

São Paulo é quem me devora

e selvagem devolvo a dentada

na carne da rua Aurora

 

Obs.: em 2023 quando fui convidado por Sylvia Paes, para voltar a prestar serviços na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, escrevi o projeto Campos VeraCidade, que até hoje está engavetado, porque não há interesse na gestão pública da cidade, em fomentar um projeto de Arte Cultura, que reflita profundamente sobre a cidade, no que ela foi, o que ela é e o que ela pode ser. 

*

Leia mais no blog

Artur Gomes A Biografia de Um Poeta Absurdo

https://fulinaimargem.blogspot.com/

As fotos são de Nilson Siqueira

Artur Gomes

77 anos de vida

 52 de Poesia Viva

Dia 27 de agosto 20h

Carioca Bar –Rua Francisca Carvalho de Azevedo 17 - Parque São Caetano

Próximo ao Colégio Estadual João Pessoa – Campos dos Goytacazes-RJ

Dia 11 de outubro  18h

Casa AmarElinha – Itaipu – Niterói-RJ

 

1º de Abril

 

telefonaram-me

avisando-me que vinhas

 

na noite uma estrela

ainda brigava

           contra a escuridão

na rua

sob patas

tomavam homens indefesos

 

esperei-te 20 anos

até hoje não vieste à minha porta

 

- foi um puta golpe!

 

Artur Gomes

A Biografia de um poeta Absurdo

https://fulinaimargem.blogspot.com/

                Balbúrdia Poética

Artur Gomes in Pessoa

nesta segunda 11 de agosto 15:30h

no C. E. Nilo Peçanha -

Campos dos Goytacazes-RJ

 

Itabapoana Pedra Que Voa

 

dia desses sonhei com alquimia

ciência da transformação

na prova dos nove é alegria

o coração da pedra vira pássaro

e voa para outra dimensão

 

Artur Gomes

do livro Itabapoana Pedra Pássaro Poema - Litteralux 2025 

https://www.instagram.com/p/DNMMsUevmB7/

Dia 27 agosto – 20h

Carioca Bar – Rua Francisca Carvalho de Azevedo, 17 – Parque São Caetano – Campos dos Goytacazes-RJ

 

Goytacá Boy

 

musicado e cantado por Naiman

no CD fulinaíma sax blues poesia

2002

ando por São Paulo meio Araraquara

a pele índia do meu corpo

concha de sangue em tua veia

sangrada ao sol na carne clara

juntei meu goytacá teu guarani

tupy or not tupy

não foi a língua que ouvi

em tua boca caiçara

 

para falar para lamber para lembrar

da sua língua arco íris litoral

como colar de uiara

é que eu choro como a chuva curuminha

mineral da mais profunda

lágrima que mãe chorara

 

para roçar para provar para tocar

na sua pele urucum de carne e osso

a minha língua tara

sonha cumer do teu almoço

e ainda como um doido curuminha

a lamber o chão que restou da Guanabara

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

V(l)er mais no blog

https://arturgumes.blogspot.com/

Artur Gomes 77

  27 de agosto com muito gosto fazer setenta e sete outra coisa me disse fulinaíma pra definir o que faço o traço a cada compasso pensado se...