terça-feira, 2 de setembro de 2025

antropofágico

                    antropofágico

 

por traz dessa palavra

tem desejo

Dandara sempre me dizia

quando interpretava Adele

a personagem erótica

dos Retalhos Imortais do SerAfim

com os nervos comendo a própria pele

e não era Jura Secreta

era cena do Além da Mesa Posta

um banquete antropofágico

nesse país de bosta

 

nunca fui na slovenia

Dandara chegou de lá hoje

e trouxe tempero novo na carne

gosto de alga e ostra

percebi quando beijei suas costas

litoral oceano atlântico

mar dos meus 7 sentidos

ela não gosta de sexo frontal

prefere gozar de bruço

 

Mundo Da Lua

 

verão de mil novecentos e setenta e quatro

dois olhos de mar passeavam sob a luz da luz

Dandara catara estrelas na areia

logo depois da meia noite o galo cantou

o peixe pulou nas águas da sereia

encantado com a voz que vinha

mergulhei no bosque e sangrei

a pele das solas dos sapatos

não demorou o ato do amor enquanto

que até hoje o gosto da língua trago

como um pircieng cravado

      nos dentes da memória 

 

Artur Gomes

https://fulinaimargem.blogspot.com/

Esfinge

 

d elza ainda não sei de nada

o rio com seus mistérios

molha meu cio em silêncio

de onde vem pra onde vai

se usa saia rodada 

ou quem sabe tomara que caia

trindade da santíssima santa

fosse apenas o que já foi dito

ou quarteto metafísica quântica

dandara isadora angélica adele

com um beijo preso na garganta

se veste com a própria pele

ou quem sabe com outras tantas

poema freudelérico

 contei duas estrelas do outro lado do muro

uma era baudelaire a outra luis melodia

se eu fosse zeca baleiro bolero blues cantaria

o poema freudelérico não tem nada de pessoa

na vitrola rola um disco dos demônios da garoa

nas margens terceira do rio

meu cavalo segue tenso a trilha que lhe cabe

mallarmaico mallarmélico um tanto quase

baudelérico exalando flores do mal

queimando em mar de fogo me registro

a lavra da palavra quero quando for  pluma

mesmo sendo espora

assombrado com o verbo desemprego

afio ainda mais a carnavalha rasgo as tralhas da mortalha com a faca de dois gumes

cu do mundo onde fica?

palácio do planalto alvorada  cu de boi

submundo mais profundo de um país que já foi

 

Artur Kabrunco

Leia mais no blog

www.fulinaimagemfreudelerico.blogspot.com


                                              Jura Secreta 


não fosse essa jura secreta 
mesmo se fosse e eu não falasse 
com esse punhal de prata 
o sal sob o teu vestido 
o sangue no fluxo sagrado 
sem nenhum segredo 

esse relógio apontado pra lua 
não fosse essa jura secreta 
mesmo se fosse eu não dissesse 
essa ostra no mar das tuas pernas 
como um conto do Marquês de Sade 

no silêncio logo depois do susto 


Jura secreta 1 

a língua escava entre os dentes 
a palavra nova 
fulinaimânica/sagarínica 
algumas vezes muito prosa 
outras vezes muito cínica 

tudo o que quero conhecer: 
a pele do teu nome 
a segunda pele o sobrenome 
no que posso no que quero 

a pele em flor a flor da pele 
a palavra dandi em corpo nua 
a língua em fogo a língua crua 
a língua nova a língua lua 

fulinaímica/sagaranagem 
palavra texto palavra imagem 
quando no céu da tua boca 
a língua viva se transmuta na viagem
 



não fosse esse punhal de prata 
mesmo se fosse e eu não quisesse 
o sangue sob o teu vestido 
o sal no fluxo sagrado 
sem qualquer segredo 

esse rio das ostras 
entre tuas pernas 
o beijo no instante trágico 
a língua sem que ninguém soubesse 
no silêncio como susto mágico 
e esse relógio sádico 
como um Marquês de Sade 

quando é primavera 

 

Jura secreta 3 

fosse essa jura sagrada 
como uma boda de sangue 
às 5 horas da tarde 
a cara triste da morte 
faca de dois gumes 
naquela nova granada 
e Federico Garcia Lorca 
naquela noite de Espanha 
não escrevesse mais nada 

 


a menina dos meus olhos 
com os nervos à flor da pele 
brinca de bem-me-quer 
ela inda pensa que é menina 
mas já é quase uma mulher 

 

 Jura secreta 5 


não fosse essa alga 
queimando em tua coxa 
ou se fosse e já soubesse 
mar o nome do teu macho 
o amor em ti consumiria 

Olga Savary 
no sumidouro dos meus dias 

o couro cru 
na antropofágica erótica 
carne viva 
tua paixão em mim 
voraz língua nativa 



o que passou não ficará já foi 
a menina dos meus olhos 
roubou a tua menina 
e levou para festa do boi 

fosse um Salgado Maranhão 
nosso batismo de fogo 
25 de março 
e o morro querosene  em chamas 
no canto pro tempo nascer 

e o amor que a gente faria 

o sol acabou de fazer 

 

Jura secreta 7 

fosse Sampa uma cidade 
ou se não fosse não importa 

essa cidade me transporta 
me transborda me alucina 

me invade inter/fere na retina 
com sua cruel beleza 

como Oswald de Andrade 
e sua realidade 

como Mário de Andrade 
e sua delicadeza 

 

                                                                      Jura Secreta 8

artefato (poema sujo)

 

numa cidade abstrata

sem sentido ou significado

matadouro é arte concreta

veracidade é pecado

pago com pena de morte

 

esta máquina de escrever

fotografada em Itaguara

como um poema de Lorca

escrito em Nova Granada

cravado em Araraquara

 

você não sabe onde está

você não sabe onde  é

você não sabe de quem foi

este punhal na metáfora

que sangra a carne do boi

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

www.secretasjuras.blogspot.com



Fulinaíma MultiProjetos

www.centrodeartefulinaima.blogspot.com

itabapoana pedra pássaro poema

estava assim ankara  meio sorocaba meio araraquara perdido entre a turquia stella guanabara mário tinha febre quando inventou macunaíma numa semana não santa também tenho febre na garganta e me espanta o adiantado da hora 

Artur Gomes 

leia mais no blog

https://arturgumes.blogspot.com

ainda que fosse só saudade ou essa jura secreta não fosse mais nada mesmo assim nessa madrugada pensei o quanto ainda queria e não fizemos a poesia ficou inacabada esperando outras palavras dentro do quarto antes que o sol pudesse romper a virgindade de portas e janelas para um novo dia

Artur Gomes
leia mais no blog

 

Itabapoana Pedra Pássaro Poema

Poesia Alquimia Bruxaria

Artur Gomes e sua gang baudelérica

em breve primeira versão em e-book

 

ainda não disse que te amo mas não se assuste o beijo está guardado debaixo dos tecidos que cobrem o esqueleto à flor da pele na carne onde a palavra mora e a lavra aplaca qualquer ferida deixada por alguém que já foi embora

muitas coisas muitas vezes tão distantes me parecem tão presentes que o ausente evapora como éter eternamente simplesmente o rio escorrega por entre pedras e seixos e a vida segue o curso da corrente numa boa a pedra que rola sob o leito d´água muitas vezes voa


cidade veracidade

                 campos 189

 

transverso atravesso esta cidade

que me atravessa em seu silêncio

ouço o gemido dos teus ecos

por ruas avenidas e vielas

sinto saudade dos terreiros de jongo

nas favelas  e as lavadeiras

das pinturas aquarelas

em teus aceiros  fiz meus trilhos

em cada  trilha dos meus traços

no encontro ao ururau no cais da lapa

teu por do sol pode ser beijo

ou também tapa

quando olho a catedral  e seu contorno

seres famintos alimentando o desalento

me solto ao vento quando penso o infinito

beijo teu rio

o paraíba que me leva

em teu lamento

me concentro em minha reza

 

Artur Gomes

https://fulinaimagens.blogspot.com/ 



NATUREZA MORTA

A aranha tece a vida
e espera a mosca
Como a raiz se enterra
e aguarda a árvore e os frutos
Só eu não espero
nem a mosca nem os frutos
Só eu teço o nada


ÓVULO II


a cada poema
que se faz
adia-se a morte
até a manhã
de um novo
poema


Tanussi Cardoso

com os dentes cravados na memória

em Bento Gonçalves Rio Grande do Sul de 1996 a 2016 era realizado o Congresso Brasileiro de Poesia, onde  todos os cantos e recantos da cidade por uma semana eram vestidos de poesia, praças, ruas, hospitais, manicômio e principalmente as Escolas.  

poema atávico

 

e se a gente se amasse uma vez só a tarde ainda arde primavera tanta nesse outubro quanto de manhãs tão cinzas nesse momento em Bento Gonçalves Mauri Menegotto termina de lapidar mais uma pedra  tem seus olhos no brilho da escultura confesso tenho andado meio triste na geografia da distância esse poema atávico tem  a cor da tua pele a carne sob os lençóis onde meus dedos ainda não nasceram algum deus  anda me pregando peças num lance de dados mallarmaicos comovido ainda te procuro em palavras aramaicas  e a pele dos meus olhos anda perdida em teu vestido

 

Artur Gomes

Diretor do Departamento Audiovisual

Do Proyecto Cultural Sur Brasil

Fulinaíma MultiProjetos

22 99815-1268 – zap

fulinaima@gmail.com

leia mais no blog

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/

 

    poema a(r)mado 

 

todo os dias

 capino a esperança 

escavando outras palavras 

 no chão desse quintal 

 e quando escrevo 

com enxada

 o poema é mais real

 

Artur Gomes

Poema do livro Pátria A9r)mada

2ª Edição – Desconcertos Editora – 2022 – Prêmio Oswald de Andrade- UBE-Rio – 2020

leia mais no blog

https://arturfulinaima.blogspot.com/


cacomanga 

 na roça desde cedo comecei a escavar palavras e separar uma das outras de acordo com o seu significado dar farelo de milho para os porcos e olhadura de cana para o gado aprendi que no terreiro não dependo de mercado e para que urbanidade se a cidade não tem paz com a enxada capinei a liberdade e descobri que ditadura é uma palavra que não cabe nunca mais

 

Artur Gomes

Poema do livro Pátria A9r)mada

2ª Edição – Desconcertos Editora – 2022 – Prêmio Oswald de Andrade- UBE-Rio – 2020

leia mais no blog

https://arturfulinaima.blogspot.com

Afrodite

 

para a  nova Pimenta do Reino

 eu falo eu fauno eu fumo

na espuma dos mares

de Zeus ou Vulcano

nos cornos do americano

 na pele clara da gema

nas brumas de Ipanema

ou nas Dunas do Barato

 

na era Atenas me disse

 pra Hera nunca dissemos

em grego a deusa do amor

em romano  mamilo de Vênus

também a irmã de Helena

 que a um outro rei Prometeu 

provocando a ira em Menelau

quando soube que Páris sou Eu


Dioniso das festas de Baco

 do vinho dos ritos das juras

Afrodite em mim criatura

Bacante que o cosmo me deu

a puta  da ilha de Creta

mulher quando o vinho é na cama

 a que sabe beber do que ama

sem pensar no que  Cronos secreta

 

Artur Gomes

Poema do livro

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penaçux – 2020

Leia mais no blog

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/  

                    poema das invenções

fosse essa jura secreta
brazilírica fulinaimagem
mutações em pré-juizo
muito além da mesa posta
couro cru em carne viva
lambendo suor e cio
como corrente de rio
deságua no além mar
profana sagaraNAgem
nos gumes da carNAvalha
teu corpo em Maracangalha
fulinaimando comigo
agulha no meu umbigo
como uma faca nos dentes
a língua na flor da boca
em transitiva linguagem
ereto poema crescente
rasgando a carne no grito
o gozo nos nervos de dentro
roendo os ossos do mito

Artur Gomes
Leia mais no blog

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

múltiplas PoÉticas

 amor de telenovela

 

amei uma mulher que não era

mas era como se fosse

como se fosse terra

como se fosse água

como se fosse fogo

como se fosse ar

como se fosse mata

como se fosse mar

como se fosse céu

como se fosse chuva

como se fosse chão

 

não era uma vera ficher

mas era como se fosse

não era débora secco

mas era como se fosse

nem era carolina dickman

mas era como se fosse

não era nicole kidman

mas era como se fosse

nem marieta severo

mas era como se fosse

 

não era uma imperatriz

mas o nosso castelo

era como se fosse

mas minas do rei salomão

amei essa mulher feliz

que era como se fosse

atriz de televisão 

 o  alvo do poeta é a meta

 

nem todo poema curto

nem todo endereço acerto

a meta do poeta é o alvo

o alvo do poeta é a meta

 

a flecha estendida no arco

o arco estendido pra seta

eu quero teus olhos de vidro

não poema em linha reta

 

nem toda cidade prova

nem todo poema povo

a clara da gema nova

pode estar dentro do ovo

 

a massa e o biscoito fino

o biscoito fino na massa

o Dia D da fornalha

acende fogueira na praça

 

todas as noite sonho

como esse nosso amor

dandara

como se fosse odara

carnaval em fevereiro

como se eu fosse

o primeiro

a tocar tua carne a vera

e o gozo desse sagrado

nada em nós fosse quimera

 

escridura

 

esse poema absurdo

direto no ouvido do surdo

escridura nos olhos dela

 

ela bem sabe o que desejo

ela bem sabe o que espero

tem canivete no sangue

 

tem alfinete entre os dentes

a faca que cora – a navalha

sangrou as tripas no ventre

 

o beijo se for que seja

com a língua lambendo a carne quente

 

vamos meu amor

fortalecer a parceria

reinventar os guetos

nas marés das tempestades

nos vendavais na ventania

ressuscitar as arte manhas

como antes se fazia

com explosão de poesia

 

malditos bem-ditos

clic no link para ver ArturGomes

interpretando Paulo Leminski e Torquato Neto

https://www.facebook.com/studiofulinaima/videos/285806788962850

    cachorrada em família

 porra Dolly esta cachorra está no cio deixa Branco alvoroçado pula tanto e quase arranha minha teia de aranha fica louca na parede trepa na lagartixa a caça de mosquitos uma semana que não chove minha hortelã tenho que molhar todo dia além da grama e dos lírios presente do Joilson Bessa – estou puto percebi agora que o cara da capina capinou meu pé de pitanga e nem terminou a empreitada que era para ser terminada ontem – Dolly e Branco mãe e filho mas cachorros que não são humanos não respeitam isso e querem trepar de qualquer jeito – e Dolly é tão cachorra que tivemos de castrar depois que pariu Federika, Branco, Mel e Mallarminha – ainda bem que agora pela manhã a chuva veio para molhar as plantas e apagar o cio

 

EuGênio Mallarmè

Estação 353

https://www.facebook.com/carnavalha/

 


pedras no meio do caminho

 

pedra punk

pedra dark

pedra tanque

pedra parque

 

pedra de toque

pedra de blues

pedra de rock

 

fado

tango

samba-enredo

 

pedra poema

no meio

dos meus dedos

                          flor de maio

o vento bate na cortina branca
Ana nem sabe como olho
pela fresta da janela
as tuas costas nua
na linha do horizonte

atravesso a ponte
do teu tempo infindo
como um dia vindo
como flor de maio

Ana como um raio
no punhal de carne
que me arde os pulsos
e me queima as mãos

enquanto cato o sangue
que escorreu no chão

                  O poeta enquanto coisa

Cristina Bezerra me disse
que trepo no corpo
das palavras
na desconstrução da normalidade
dos seus significados

o poema é um jogo de dedos
um lance de dados
e o poeta enquanto coisa
é mediúnico
amoral em sua estética

na transa poética
tudo o que sai do corpo
é o que já foi incorporado

27 de agosto
com muito gosto
fazer setenta e sete
outra coisa me disse
fulinaíma
pra definir o que faço
o traço a cada compasso
pensado sentido vivido
estando inteiro
não par/ti/do
a língua ainda
entre/dentes
a faca
ainda mais afiada
a carNAvalha in/decente
escre/v(l)er
é tudo o que posso
pra desafinar os contentes
desempatar de/repente
o jogo dos reles bandidos
é tudo o que tenho feito
por mais que tenha sofrido
nas unhas dos dedos
nos nervos
na carnadura dos ossos

Artur Gomes

Hoje Balbúrdia PoÉtica especial
no Carioca Bar - Rua Francisca Carvalho de Azevedo, 17
Parque São Caetano - Campos dos Goytacazes-RJ
Espero vocês lá, a partir das 18h

leia mais no blog
Artur Fulinaimagens
https://fulinaimargens.blogspot.com/


antropofágico

                    antropofágico   por traz dessa palavra tem desejo Dandara sempre me dizia quando interpretava Adele a person...